A xilogravura - arte de gravar em madeira - é de provável origem
chinesa, sendo conhecida desde o século VI. No Ocidente, ela já se afirma
durante a Idade Média, através das iluminuras e confecções de baralhos. Mas até
ai, a xilogravura era apenas técnica de reprodução de cópias. Só mais tarde é
que ela começa a ser valorizada como manifestação artística em si. No século
XVIII, chega à Europa nova concepção revolucionária da xilografia: as gravuras
japonesas a cores. Processo que só se desenvolveu no Ocidente a partir do
século XX. Hoje, já se usam até 92 cores e nuanças em uma só gravura.
Aspecto de grande importância do Cordel é, sem dúvida, a xilogravura de
suas capas. Sabe-se que o cordel antigo não trazia xilogravuras. Suas capas
eram ilustradas apenas com vinhetas - pobres arabescos usados nas pequenas
tipografias do interior nordestino. A partir da década de trinta, surgiram
folhetos trazendo nas capas clichês de artistas de cinema, fotos de postais,
retratos de Padre Cícero e Lampião. As xilogravuras ou "tacos", como
ainda hoje preferem chamar os artistas populares, usando madeiras leves, como
umburana, pinho, cedro, cajá.Na década de setenta, apareceram no Nordeste
vários álbuns de xilogravuras de cordel. Destacamos os publicados pela Divisão
de Cultura da Prefeitura da Cidade de Salvador, Bahia, intitulado
"Xilogravura Popular - Cordel", reunidos xilos de Minelvino Francisco
para folhetos de Rodolfo Coelho Cavalcante, com apresentação de Rosita Salgado;
o da coleção Théo Brandão, "Xilogravuras Populares Alagoanas"
(Alagoas, 1973), inserindo tacos de José Martins dos Santos, Manoel Apolinário,
Antônio Almeida e Antônio Baixa-funda, com apresentações de Pierre Chalita e
Théo Brandão; e "Transportes na Zona Canavieira", divulgando 21
xilogravuras de José Costa Leite (Instituto do Açúcar e do Álcool, Serviço de
Documentação, Recife, 1972), com apresentação de Mário Souto Maior.